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CANSADA DE ESTAR CANSADA

amarelosaudemental blogdaelo 8/12/22 12:07 PM Elo 3 min de leitura

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Por Gabriella Maciel

Você alguma vez já se cansou de estar cansado? Já se sentiu tão exausto de tudo, que folga nenhuma parecia capaz de resolver todo o cansaço acumulado em seus membros e por entre as membranas?

Estava rodando pelas redes sociais essa semana quando vi a indicação do livro novo da autora Anne Helen Petersen: “Não aguento mais não aguentar mais: Como os Millennials se tornaram a geração do burnout”.

Ainda não li o tal livro, mas conhecendo um pouco dessa geração eu mesma, fui atrás de saber do que se tratava. No livro, a jornalista norte-americana se baseia em uma pesquisa do Pew Research Center, nos EUA, que diz que a geração nascida entre 1981 e 1996, os Millennials, vem trazendo o burnout como experiência comum, apontado como sendo praticamente um “estado permanente” dessas pessoas, que atualmente estão na faixa dos 25 e 40 anos.

Outros artigos, ainda, relacionavam os Millennials à geração que foi de “ambiciosa a azarada”. Afinal de contas, “a primeira geração a conviver desde cedo com computadores pessoais, smartphones, internet e o fluxo global de informações tinha grandes expectativas sobre si própria: com mais anos de educação em relação a seus pais e de composição mais socialmente diversa, os millennials sonhavam com mais prosperidade e impacto global do que muitas gerações que vieram antes”, como escreve a autora Paula Adamo Idoeta, em artigo da BBC News Brasil.

Mas e aí… onde foi que as coisas deram errado?

É difícil para mim dizer por A mais B, listar exatamente quais os argumentos e dados corretos sobre o assunto, e talvez Anne Helen Petersen faça isso bem melhor que eu, em seu livro sobre o assunto. O meu papel aqui é trazer a sensação. Imergir nossas mentes no sentir. E isso eu sei como fazer.

Sei, porque sei como é estar cansada. Sei, porque sei exatamente como é achar que não posso mais aguentar, e ter que continuar aguento, mesmo assim, porque não há outra alternativa senão aguentar mais um pouco, por mais um dia, mais um mês, mais um ano, até que algo mude. Sei como é ter que ver o nascer do sol acordada, por não conseguir pregar o olho – seja por insônia, ansiedade ou depressão. Seja porque há um prazo a cumprir, um seriado novo a maratonar ou um livro incrível a ser lido. Seja porque estou numa festa com os amigos ou a fazer uma faxina em casa.

Alguns dias parecem demais para suportar. Parecem ser pesados demais, difíceis demais, muito cheios de desafios, parecem exercer uma pressão incomum no peito, que impede de respirar… alguns dias parecem acumular sono além do normal em corpos que não podem tirar um tempo para descansar.

O ar exala tarefas a cumprir e as checklists se acumulam, se amontoam, agendas e planners, umas sobrepondo às outras, urgências se aglomerando e prioridades surgindo onde antes havia uma brecha que outrora seria um cochilo ou um cafezinho…

Se me perguntarem, eu poderia dar minha opinião disso tudo e, provavelmente, colocaria a culpa toda em outrem que pudesse lidar com isso melhor que eu: a internet, os pais, a geração passada, a sociedade, os problemas do governo ou as estruturas sociais… poderia culpar as expectativas que eu mesma criei quando criança ou a mídia, que me fez crer em futuros fantasiosos que eu não poderia nunca alcançar, e instalou em mim desejos muito além da minha conta.

Mas, discordando do gênio contemporâneo Homer Simpson, não é porque a culpa é minha que posso colocá-la em quem eu quiser, não é mesmo?! Acho que posso compartilhar da culpa – isso sim. Posso tratá-la e lidar com ela o máximo que eu puder, e até evitá-la quando estiver difícil demais e ela me atrapalhar de viver… posso a terapeutizar e, quem sabe, a ressignificar.

Fato é que, mesmo que não saiba a causa, preciso urgentemente tratar das consequências – olha aí mais uma urgência para dar conta.

Será que, por ser a geração mais cansada, serão os Millennials a geração que mais cuida e prioriza sua Saúde Mental? Será, talvez, a geração que mais vai buscar a psicoterapia e menos vai estereotipar o cuidado emocional? Será, quem sabe – e esse é um desejo particular – a geração que mais será empática com o cansaço do outro e levar a sério o que sente?

Não sei, mas realmente espero que sim…

 

Elo

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