Fiquei surpresa quando assisti a Loucura de Amor, da Netflix. Sendo alguém que vive com o estigma acerca dos transtornos mentais já há algum tempo, sei como as pessoas com transtornos são retratadas em filmes de forma geral e digo, logo de cara, que não é uma forma que me agrada.
Mas o que o filme mostra é, de fato, a verdade! O filme é incrivelmente verdadeiro e, por vezes, dolorosamente real... Senti-me diversas vezes tal qual cada um dos internos do hospital psiquiátrico – por vezes, até mesmo tal qual a diretora, a enfermeira ou o próprio Adri. Parece que todos eles eram como fases do intenso processo de aceitação pelo qual passei – e que hoje tento escancarar para o mundo, gritar a quatro ventos.
Quando alguém descobre que tenho um transtorno, vejo sua cara de contorcer para um rosto de pena, um misto de “você vai ficar melhor” com “talvez não deva me aproximar muito”. Mas eu não vou ficar melhor! Não vou porque não existe um melhor ou pior... O transtorno não é uma doença fatal, não é uma invalidez, não é um diagnóstico que pode reverter ou que vai simplesmente passar! Não vou melhorar do transtorno porque eu já sou melhor! Sou melhor do jeito que sou e sou melhor se me aceitar e me amar como sou, qualidades, defeitos e transtorno, tudo junto, no pacote complexo e maravilhoso que é o viver.
Conviver com um transtorno mental pode sim, ser muito desafiador e invariavelmente muito incomodo. São médicos, remédios, terapia constante, autoconhecimento, autoaceitação, respeitar os próprios limites e saber lidar com quem você é quando a crise se instala... Mas o pior do transtorno não é (e talvez nunca tenha sido) os sintomas em si, e sim ter de viver à margem do desejo ardente de todos ao seu redor, que querem que você viva e aja normalmente... que você seja normal.
Mas quem disse que eu preciso ser uma coisa ou outra? Quem disse que eu não posso ter um transtorno mental E ser normal?
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